A recente descoberta de vestígios romanos durante a construção de uma luxuosa moradia em Santos trouxe à luz um pedaço da história de Lisboa. Apesar dos desafios logísticos e financeiros que acompanharam essa descoberta, o projeto ganhou um novo valor cultural, uma história para contar e trouxe resiliência às equipas envolvidas. O engenheiro Miguel Barreto, gestor de projeto e fiscalização, partilhou connosco como este processo, embora inesperado, foi integrado de forma positiva no desenvolvimento da obra e na experiência das equipas envolvidas.
Qual é o impacto que uma descoberta arqueológica, tem numa obra de construção? A descoberta de vestígios romanos durante a construção desta moradia em Santos teve um impacto significativo. A obra ficou parada mais de três meses devido à necessidade de escavação e registo arqueológico. Esse atraso resultou em sobrecustos de cerca de 200 mil euros, afetando tanto o empreiteiro geral como o subempreiteiro para a estrutura, bem como as equipas envolvidas e o proprietário.
Como foi o processo de descoberta desses vestígios? Antes de iniciar a obra, foram realizadas sondagens, pois a área é conhecida pela presença de vestígios arqueológicos. A empresa ERA Arqueologia acompanhou a escavação, durante a qual foram descobertos fornos dos séculos XVI/XVII e tanques romanos, possivelmente usados para piscicultura ou termas. A quantidade de descobertas superou as expectativas iniciais.
Qual é a tipologia do projeto de construção neste local? O projeto é de uma moradia unifamiliar de luxo, com quatro pisos e uma piscina na cobertura. A moradia contará com uma cave ampla, incluindo estacionamento para quatro carros com plataforma elevatória e giratória, precisamente onde foram encontrados os vestígios romanos.
O que acontece aos vestígios descobertos durante a obra? Os vestígios dos séculos XVI/XVII foram desmontados e catalogados. Os tanques romanos, que não interferem com a construção, serão preservados sob o edifício. Será colocado um geotêxtil com brita por cima para os proteger, garantindo que futuras gerações possam reconhecê-los.
Como a descoberta afetou os prazos e custos do projeto? A necessidade de escavação arqueológica prolongou-se por três meses, atrasando a obra e aumentando os custos. A estrutura, que deveria estar concluída em abril, agora tem previsão de conclusão para julho. A fase de acabamentos deverá iniciar em seguida, com término estimado para fevereiro de 2025.
Como foi a colaboração entre as diferentes equipes envolvidas no projeto? Apesar dos desafios financeiros e de prazo, a boa relação entre as equipas da Detailsmind, o promotor do projeto e a ERA foi essencial. A colaboração e a resiliência permitiram encontrar soluções para minimizar os impactos e manter a continuidade da obra.
Quais são as suas considerações finais sobre o impacto desta descoberta arqueológica? Embora a descoberta seja culturalmente valiosa, trouxe complexidades e custos adicionais ao projeto. A capacidade de adaptação e a cooperação entre todas as partes envolvidas foram cruciais para superar os desafios e garantir o avanço da obra, que segue agora para a próxima fase de construção, e preservar a história da cidade.